top of page
Slide1.TIF
Slide2.TIF

O nosso quadro "Sou cientista e essa é a minha pesquisa" tem como intuito divulgar as pesquisas científicas desenvolvidas por mulheres, além de promover a visibilidade dessas mulheres e de suas pesquisas.

Neste quadro produzimos notícias a partir de teses, dissertações e trabalhos publicados e enviados por vocês! Essas notícias são publicadas aqui em nosso site e em outros meios de comunicação.

Curtiu? Entra em contato com a gente no e-mail ecologianamidia@gmail.com 📧

Slide2.TIF

Pesquisa investiga como a mudança de hospedeiros por parasitos pode ser facilitada por mudanças no ambiente e como isso pode aumentar o aparecimento de doenças infecciosas.

Preparado por Tuany Alves - Jornalista do Projeto Mulheres na Ecologia

Revisado por Myrna Elis - Revisora do Projeto Mulheres na Ecologia

O último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) mostrou que as mudanças climáticas já afetam muitas espécies em várias regiões do mundo. Mudanças no uso da terra, urbanização e crescente conectividade global - que alteram os padrões de distribuição das espécies - apontam um outro problema: a facilidade dos vírus, bactérias e parasitos explorarem novos ambientes e emergir ou reemergir doenças infecciosas.


Foto: Acervo Elvira D'Bastiani.

A diversidade de parasitos no nosso planeta é imensa e - embora estejam bem adaptados a seus hospedeiros - estes organismos têm capacidades pré-existentes e podem infectar outras espécies de hospedeiros aos quais podem não estar expostos, como por exemplo o ser humano.

Foto: Ilustração do vírus Monkeypox. Crédito: peterschreiber.media

Um animal que é normalmente associado à transmissão de doenças - porém na verdade é apenas um dos diversos hospedeiros que um vírus pode ter - é o macaco. Para se ter uma ideia, ele é até mesmo associado à varíola. A transmissão da doença não está relacionada a eles, porém o nome - varíola dos macacos - se popularizou após a descoberta inicial do vírus em macacos em um laboratório dinamarquês em 1958.


O surto atual de varíola, que já atinge mais de 75 países, no entanto foi atribuído à contaminação de pessoa para pessoa, com contato próximo. Além disso, embora o animal reservatório do vírus seja desconhecido, os principais “candidatos” são os pequenos roedores, como os esquilos e ratos. Esse exemplo mostra a importância de entendermos quais são os mecanismos envolvidos na dinâmica ecológica e evolutiva dos parasitos, uma vez que a incorporação de uma nova espécie de hospedeiro por um parasito em seu repertório pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento.


O hóspede indesejado


Como podemos saber quem será a ‘próxima vítima’ de um parasito? Não há uma resposta imediata e simples para isso, porém um estudo realizado pela pesquisadora Elvira D’Bastiani, em seu doutorado em Ecologia e Conservação na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Curitiba, mostra que há alguns fatores que estão relacionados e podem ajudar a responder essa pergunta.

Foto: Zoneamento de transmissão. Acervo Pixabay.

A pesquisadora investigou como a mudança de hospedeiros pode afetar a ecologia e a evolução de comunidades de parasitos ao longo de milhares de anos. Segundo D’Bastiani, a ideia era entender se o arcabouço teórico que a equipe tinha, quando implementado em um modelo teórico (simulação), poderia gerar cenários similares aos encontrados na vida real. A equipe também queria entender como os eventos de mudança de hospedeiro - sendo este mediado pela similaridade da história evolutiva dos hospedeiros - pode alterar os padrões ecológicos e evolutivos dos parasitos de sapos, de roedores, de peixes, de aves e de alguns mamíferos incluindo o ser humano.


Como estudar estes padrões atuais a partir de informações de milhares de anos atrás?


Como consequência do resultado da sua pesquisa de mestrado, Elvira propôs, então, às suas orientadoras de doutorado Sabrina Araújo e Karla Campião, investigar como que a mudança de hospedeiro acontece, sendo mediada pela distância evolutiva (entre espécies) dos hospedeiros de uma comunidade ecológica. Como observar isso na vida real é impossível - uma vez que é um processo de milhares de anos -, as pesquisadoras elaboraram um modelo teórico - integrando informações das espécies, criando cenários virtuais e comparando os resultados das simulações com dados coletados na natureza por outros pesquisadores.


A ideia dessa pesquisa surgiu a partir da curiosidade de Elvira sobre essa dinâmica de interação entre um hóspede, não tão desejado, e o hospedeiro. “As interações, principalmente de parasito-hospedeiro, me intrigam, principalmente em entender quais são as causas e quais são as consequências dessas associações. Por isso, investigamos como os indivíduos de parasitos se dispersam, encontram novos hospedeiros, e infectam diferentes espécies de hospedeiros utilizando informações pré-existentes ou capacidades que já possuem”, informa.




Foto: Acervo Elvira D'Bastiani.

Segundo a pesquisadora, para desvendar as causas e as consequências das associações entre parasito-hospedeiro, na maioria das vezes, o cientista vai para a natureza e coleta os parasitos de diferentes espécies de um grupo, como por exemplo diferentes espécies de sapos. “Porém, tudo depende da pergunta e do grupo de parasitos que optou por estudar. No nosso caso, como se trata de um evento que é super difícil de observar na natureza - a mudança de hospedeiro - utilizamos nove comunidades de parasitos coletados por outros pesquisadores, e desta forma pudemos explorar como a causa (evento de mudança de hospedeiro) pode influenciar (consequência) a ecologia e a evolução das espécies de parasitos que analisamos”, informa.


Ela também conta que entender a dinâmica ecológica e evolutiva das associações é complexo e contém muitos detalhes, porém com o auxílio da modelagem matemática aplicada é possível explorar um pouco sobre como essas dinâmicas podem ocorrer. “O nosso modelo é uma simplificação do que pode estar acontecendo na natureza”, destaca.


Resultados - Modelo chave e fechadura?


Mas afinal, qual foi o resultado? A pesquisa identificou que quanto mais eventos de mudança de hospedeiro ocorrem, maior será a similaridade de espécies de parasitos entre as espécies de hospedeiros. Para explicar isso, Elvira compara as espécies com uma chave e uma fechadura. Segundo a pesquisadora, o parasito precisa encontrar condições específicas para sobreviver, produzir e se tornar uma ‘chave’, a associação precisa “estar alinhada” para que se tenha um match e a porta se abra.


Outro achado do estudo foi em relação a amplitude de escala geográfica. Segundo Elvira, se você está caminhando em uma floresta pequena que é a casa de antas ou capivaras, existe mais chance de um carrapato dentro dessa floresta te picar, do que se você andar em uma floresta gigante onde existem diversas barreiras em que estes mamíferos não conseguem andar e consequentemente a chance de você ser picado por um carrapato é muito menor. Ou seja, em escala espacial menor (locais) as comunidades de parasitos simuladas tendem a ter maior intensidade de mudança de espécie de hospedeiros, por outro lado - comunidades de parasitos em escalas espaciais maiores (regionais) - tendem a ter menor intensidade de mudança de espécie de hospedeiros.


“Isso acontece devido às barreiras de dispersão, que podem dificultar ou facilitar a interação entre as espécies. Lembrando que a barreira para dispersão depende, por exemplo, da espécie que estamos estudando, uma vez que o que pode ser barreira para uma espécie pode não ser para uma outra espécie”, informa Elvira. “A nossa pesquisa gerou insights e outras perguntas. Agora partimos para tentar responde-las”.

Foto: Zoneamento de transmissão. Acervo Pixabay.

Foco na saúde


A mudança climática sempre foi um dos principais catalisadores para as novas oportunidades de interação entre patógenos e hospedeiros, porque perturba a estrutura do ecossistema local e permite que as espécies de patógenos e hospedeiros se movam para diferentes regiões. Uma vez que as espécies de patógenos se associam a novos hospedeiros, novas “variantes” podem surgir ou até mesmo reemergir, cada uma com novas capacidades de causar infecções.

Foto: Alterações Climáticas. Acervo Pixabay.

Nesse sentido, muitas espécies que antes eram restritas a áreas específicas agora estão expandindo sua distribuição e alterando a composição das comunidades ecológicas devido a intensificação das mudanças antrópicas e climáticas.


Assim, um modelo teórico em que os eventos de mudança de hospedeiro são mediados pela proximidade evolutiva entre espécies de hospedeiros pode ajudar a predizer as associações parasitárias e o surgimento de novos patógenos ao longo do tempo. “Representa um passo importante para a compreensão da diversificação das espécies de parasitos”, ressalta a pesquisadora.


“Dessa forma, entender a dinâmica destes organismos (patógeno-hospedeiro) pode ajudar em muitas questões, incluindo na relação da medicina com a ecologia de doenças infecciosas, no tratamento de pacientes (medicina evolutiva), na aplicação de biologia evolutiva para gestão territorial, gerar insights para a elaboração de políticas de saúde pública dentre outras questões”, informa Elvira.

Foto: Acervo Elvira D'Bastiani.

Ficha cadastral da pesquisadora:

Nome completo: Elvira D'Bastiani

Titulação: doutorado em Ecologia e Conservação na Universidade Federal do Paraná (UFPR)


Título do Projeto:

Effect of host-switching on the ecological and evolutionary patterns of parasites (Status: Major review in Systematic Biology - journal of the Society of Systematic Biologists)


Instagram: @elviradbastiani

Não é uma praga, tem função ecológica e ainda ajuda a entendermos a Biologia Evolutiva.


Preparado por Livia Cavalcanti - Jornalista convidada

Revisado por Elvira D'Bastiani - Ecóloga do Projeto Mulheres na Ecologia


Tuco-tuco”, “rato-de-pente”, “curu-curu”, “marmota-dos-pampas”. Todos nomes pelos quais é conhecido este incrível roedor, originário da América do Sul. Uma espécie de “marmota brasileira”, o tuco-tuco habita túneis e galerias subterrâneas (que podem atingir comprimentos de até 15 metros), escavadas por ele mesmo, tal qual os esquilos da América do Norte.

Foto: Acervo Thamara Santos de Almeida

Chamados de espécies engenheiras por sua função ecológica, esses herbívoros se alimentam de raízes, sementes e grama e, durante esse processo mediado pela escavação, acabam trazendo nutrientes que ficam no fundo das galerias à superfície, os quais são utilizados pela vegetação. No entanto, a mesma atividade que aumenta a disponibilidade de alguns nutrientes perto das tocas é a mesma que o faz carregar o estigma de praga por agricultores e pecuaristas por fazerem isso em meio a pastagens, lavouras e demais áreas agriculturáveis.

Foto: Acervo Thamara Santos de Almeida

Animais ainda pouco conhecidos, acredita-se que os roedores constituam cerca de 43% de todos os mamíferos do planeta, e, mesmo sendo o maior grupo de mamíferos da natureza, algumas espécies estão ameaçadas pela ação humana. Excelentes dispersores de sementes, gostam de viver sozinhos e se comunicam através de um som característico. O termo tupi "tuku tuku" foi que originou o nome popular “tuco-tuco”.


Onde está o Tuco-tuco?


Encontrado em várias partes da América do Sul, atualmente estão registradas cerca de 65 espécies no mundo, pertencentes ao gênero Ctenomys, sendo oito destas catalogadas no Brasil.Apesar de duas destas espécies habitarem o estado de Mato Grosso e outra em Rondônia, o Estado do Rio Grande do Sul é o que apresenta o maior número de espécies (cinco espécies).


É lá, no Rio Grande do Sul, que a pesquisadora Thamara Santos de Almeida, por meio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conduziu uma pesquisa interessada em aspectos de distribuição, ecologia de populações e conservação desses animais. Em sua mais recente investigação ela buscou saber quais aspectos da estrutura da paisagem influenciam a persistência do Tuco-tuco-do-lami (Ctenomys lami), uma espécie endêmica do bioma Pampa e ameaçada de extinção. Além disso, tentou-se compreender também se houve redução na sua extensão de ocorrência e distribuição ao longo do tempo.


Conservando a natureza


Os estudiosos apontaram que a ação antrópica, aquela causada pelos humanos, especialmente em virtude de são plantações agrícolas, é uma das razões centrais que afetam a dinâmica de vida dessa espécie. Reduzidos seu habitat e seus corredores de deslocamento entre áreas de vegetação nativa, fica cada vez mais difícil a migração e consequentemente a qualidade genética dessas populações.


Esta não foi a primeira pesquisa de Thamara com esses bichinhos e ela não está sozinha nesta empreitada. Alterações genéticas nas espécies, com foco na hibridização e compatibilidade reprodutiva, além de características micro evolutivas também foram estudadas por ela e uma equipe de pesquisadores ligada ao seu programa de pós-graduação na universidade.


Em artigo sobre o tema evolutivo publicado em 2018, na revista Biological Journal of the Linnean Society sob o título “Evolution in action: soil hardness influences morphology in a subterranean rodent (Rodentia: Ctenomyidae)”, os autores explicam que o grande interesse dos biólogos evolutivos é entender quais características ambientais estão associadas a características morfológicas e comportamentais das espécies.


Foto: Acervo Thamara Santos de Almeida

Para eles, estudos intraespecíficos que abordam essa questão fornecem a melhor evidência para a evolução orientada pela ecologia em escalas curtas de tempo. E foi exatamente isso que o estudo com morfologia do crânio e do membro anterior e a força de mordida estimada entre populações de uma única espécie de Tuco-tucos forneceu durante avaliação de dois habitats adjacentes que diferiam na dureza do solo.


A pesquisadora explica a importância de tantos e diversificados estudos com esses roedores. “Saber diferenças entre populações da mesma espécie nos dá detalhes de como a origem das espécies se inicia”, conta.


Por outro lado, mirando na conservação da espécie nasceu o projeto de extensão co-coordenado por Thamara intitulado "Além da Universidade: divulgação científica, ciência cidadã e educação ambiental em prol da conservação dos Tuco-tucos" do Projeto Tuco-tuco (UFRGS). O grupo à frente da iniciativa defende a convivência com os tuco-tucos e que seja desmistificada a ideia de que sejam pragas, que trazem algum tipo de perigo ou que transmitam alguma doença, especialmente porque, até o momento, não foi detectada nenhuma zoonose nos animais.


Para Thamara, a “popularização da ciência é uma prática fundamental na conservação da biodiversidade, uma vez que permite a aproximação da sociedade com esses animais, muitas vezes desconhecidos por ela”. Essa é a principal proposta do projeto: permitir que os cidadãos participem ativamente do processo de construção do conhecimento. “A expectativa é tornar a sociedade consciente sobre a existência e importância dos tuco-tucos, principalmente em ambientes antropizados, engajando os cidadãos na divulgação tornando-os multiplicadores desse conhecimento”, completa a pesquisadora.


Para conhecer o projeto, seus materiais e acompanhar a divulgação basta acessar o endereço eletrônico www.linktr.ee/projetotucotucoufrgs.

Foto: Acervo Thamara Santos de Almeida

Ficha cadastral da pesquisadora:

Nome completo: Thamara Santos de Almeida

Titulação: Mestra em Biologia Animal pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Títulos dos projetos:

  • Hybridization between subterranean tuco-tucos (Rodentia, Ctenomyidae) with contrasting phylogenetic positions;

  • Evolution in action: soil hardness influences morphology in a subterranean rodent (Rodentia: Ctenomyidae).

Instagram: @thamaraalmeida.bio

Como a cobertura florestal e a dispersão de sementes por antas influencia a regeneração florestal?


Preparado por Tatiana Nepomuceno - Jornalista do Projeto Mulheres na Ecologia

Revisado por Elvira D'Bastiani - Ecóloga do Projeto Mulheres na Ecologia


Foto: Acervo Eduarda Fialho.


Conhecida como o maior mamífero da América do Sul, a Tapirus terrestris (carinhosamente batizada por anta) é considerada por muitos pesquisadores como a “jardineira da floresta”. Isto porque esta espécie é uma das mais importantes dispersoras de sementes (mamíferos) já conhecidas: ao engolir as sementes quase intactas, as sementes passam pelo sistema digestivo e retornam a terra prontas para germinar. Como as antas andam muito e defecam em locais distantes, esta espécie acaba “semeando” as sementes pela mata afora e por isto são conhecidas como as engenheiras florestais mais capacitadas. Desta forma, as antas auxilia e muito na dispersão de plantas e na formação e manutenção das florestas.


Tal importância ecológica despertou o interesse da pesquisadora Eduarda Fialho, mestranda do Programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV). “Sempre gostei muito de estudar, de conhecer e pesquisar. Mas não me dei conta durante a graduação do quanto eu gostava da conservação. Confesso que quando passei no mestrado eu não tinha ideia com que eu poderia trabalhar. Mas, conversando com meu orientador (Prof. Lucas Paolucci) chegamos num consenso de que é necessário entender como a cobertura florestal e a dispersão de sementes por antas influenciam na regeneração florestal”, recorda Fialho. “Nosso objetivo será investigar o nível de predação das sementes quando estas estiverem dentro das fezes do animal ou fora delas. Além disso, investigaremos se esta predação é influenciada pela porcentagem de cobertura vegetal do local e os impactos desta cobertura sobre a germinação destas sementes”, explica Eduarda.

A pesquisa será realizada na Fazenda Macedônia, uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que pertence à Celulose Nipo-Brasileira S.A (Cenibra), localizada no município de Caratinga, no Vale do Rio Doce. Para a investigação, a cientista Eduarda irá dispor 30 blocos contendo 3 experimentos ao longo de uma área da floresta com diferentes níveis de cobertura vegetal: um com bolo fecal de antas com sementes de girassol (inseridas de forma manual), outro com apenas sementes de girassol livres (sem fezes) e um terceiro com bolo fecal contendo apenas sementes naturais consumidas pelas antas. Isso será realizado para definir os impactos na regeneração florestal e possibilitar planos de manejo para a recuperação de áreas degradadas.


Sabemos que a regeneração em florestas depende dos eventos de pré-dispersão e pós dispersão. As antas são dispersores potenciais devido a grande quantidade e variedade de frutos que consomem, pela longas distâncias que elas caminham, defecando as sementes longe da “planta mãe” (o que diminui a competição, o ataque de predadores e patógenos como fungos, bactérias e protozoários) e muitas vezes estas sementes saem intactas”, afirma Eduarda.

"A grande questão aqui é e depois de defecarem? Estudos apontam que as fezes de vertebrados são mais atrativas aos roedores, aumentando a predação de sementes, mas que a predação de sementes por besouros rola-bosta é menor nas fezes de anta especificamente”, pontua a cientista. São dois grupos muito distintos, mas que exercem forte pressão durante o processo de crescimento das plantas. “Além disso, estudos apontaram que a predação de sementes é maior em florestas degradadas. Espero que a minha pesquisa consiga criar um link entre estes fatos para que desta forma possamos entender melhor como se dá a predação nas fezes de antas em diferentes porcentagens de coberturas florestais, quais as influências internas e externas desta predação e também quais seriam os impactos para a regeneração florestal”, explica Eduarda.


E o que isto afeta a minha vida?

A predação de sementes sendo maior em locais com menor cobertura florestal implica em um menor número de sementes que estarão disponíveis para a germinação; tendo como consequência uma menor regeneração florestal. Estas descobertas são importantes pois ajudam a pensar e elaborar de forma eficiente, por exemplo, planos de manejo. “Planos de manejo são a chave para a conservação e para recuperação de áreas degradadas. Além disto, estas descobertas possibilitam ter conhecimento claro das consequências negativas que o desmatamento e a degradação ambiental podem trazer para as relações ecológicas. A longo prazo, permite que pesquisadores e divulgadores científicos usem estas informações para sensibilizar a sociedade e instigar o pensamento crítico sobre o papel de cada um neste contexto”, aponta Eduarda. “Afinal, as florestas estão sendo severamente degradadas pelas ações antrópicas (interferência do homem), seja de forma direta, por meio do desmatamento objetivando a mineração, pastagem ou agricultura; ou pela forma indireta, no qual as mudanças climáticas vêm causando impactos em grandes escalas, ambas contribuindo para a perda da biodiversidade”, alerta Eduarda.


De acordo com a pesquisadora, florestas conservadas permitem uma maior riqueza de espécies nas quais exercem funções ecossistêmicas importantes para a manutenção da vida como um todo. “Se encontramos relações entre uma maior cobertura vegetal e menor predação implicando em uma maior germinação das sementes, isto impactaria positivamente na conservação da biodiversidade, confirmando mais uma vez a importância de conservar os ecossistemas naturais e os grandes biomas”, pontua a cientista. "Como consequência teríamos um melhoramento na qualidade do ar que respiramos, e também do clima ou, pelo menos, a redução da velocidade das mudanças climáticas a longo prazo”, finaliza Eduarda.


CONTATO DA PESQUISADORA:

Nome completo: Eduarda Rita Fialho

Titulação: mestrado Programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade

Federal de Viçosa (UFV)

Títulos dos projetos: Como a cobertura vegetal e a dispersão de sementes por antas influenciam na regeneração florestal?

Fotos: Acervo pessoal Eduarda Fialho

Endereço do Instagram para marcação: @duda.fialhoo


Termos de Uso

Todos os conteúdos, em todos os seus formatos (sejam textos, fotografias, imagens, dentre outros), presentes nas redes sociais do projeto @mulheres_na_ecologia, são protegidos por direitos autorais e de propriedade intelectual das respectivas pesquisadoras. É disponibilizada a reprodução, divulgação e distribuição, total ou parcial, de todos os conteúdos de divulgação científica publicados nas redes sociais do @mulheres_na_ecologia, sob prévia e expressa autorização e citação de crédito ao projeto @mulheres_na_ecologia. Por consequência, fica entendido que qualquer modificação dos textos publicados e disponibilizados não é de responsabilidade do projeto @mulheres_na_ecologia, não sendo este responsável civil e/ou criminalmente pelo uso ou publicação indevida e não autorizada de seus conteúdos. O projeto @mulheres_na_ecologia pode, a qualquer momento e a seu critério, modificar ou atualizar este Termo de Uso.

©2024 by Mulheres na Ecologia. Proudly created with Wix.com

bottom of page