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Jardineiras das Florestas - Ecóloga Eduarda Rita Fialho

Atualizado: 16 de jan. de 2023

Como a cobertura florestal e a dispersão de sementes por antas influencia a regeneração florestal?


Preparado por Tatiana Nepomuceno - Jornalista do Projeto Mulheres na Ecologia

Revisado por Elvira D'Bastiani - Ecóloga do Projeto Mulheres na Ecologia


Foto: Acervo Eduarda Fialho.


Conhecida como o maior mamífero da América do Sul, a Tapirus terrestris (carinhosamente batizada por anta) é considerada por muitos pesquisadores como a “jardineira da floresta”. Isto porque esta espécie é uma das mais importantes dispersoras de sementes (mamíferos) já conhecidas: ao engolir as sementes quase intactas, as sementes passam pelo sistema digestivo e retornam a terra prontas para germinar. Como as antas andam muito e defecam em locais distantes, esta espécie acaba “semeando” as sementes pela mata afora e por isto são conhecidas como as engenheiras florestais mais capacitadas. Desta forma, as antas auxilia e muito na dispersão de plantas e na formação e manutenção das florestas.


Tal importância ecológica despertou o interesse da pesquisadora Eduarda Fialho, mestranda do Programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV). “Sempre gostei muito de estudar, de conhecer e pesquisar. Mas não me dei conta durante a graduação do quanto eu gostava da conservação. Confesso que quando passei no mestrado eu não tinha ideia com que eu poderia trabalhar. Mas, conversando com meu orientador (Prof. Lucas Paolucci) chegamos num consenso de que é necessário entender como a cobertura florestal e a dispersão de sementes por antas influenciam na regeneração florestal”, recorda Fialho. “Nosso objetivo será investigar o nível de predação das sementes quando estas estiverem dentro das fezes do animal ou fora delas. Além disso, investigaremos se esta predação é influenciada pela porcentagem de cobertura vegetal do local e os impactos desta cobertura sobre a germinação destas sementes”, explica Eduarda.

A pesquisa será realizada na Fazenda Macedônia, uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que pertence à Celulose Nipo-Brasileira S.A (Cenibra), localizada no município de Caratinga, no Vale do Rio Doce. Para a investigação, a cientista Eduarda irá dispor 30 blocos contendo 3 experimentos ao longo de uma área da floresta com diferentes níveis de cobertura vegetal: um com bolo fecal de antas com sementes de girassol (inseridas de forma manual), outro com apenas sementes de girassol livres (sem fezes) e um terceiro com bolo fecal contendo apenas sementes naturais consumidas pelas antas. Isso será realizado para definir os impactos na regeneração florestal e possibilitar planos de manejo para a recuperação de áreas degradadas.


Sabemos que a regeneração em florestas depende dos eventos de pré-dispersão e pós dispersão. As antas são dispersores potenciais devido a grande quantidade e variedade de frutos que consomem, pela longas distâncias que elas caminham, defecando as sementes longe da “planta mãe” (o que diminui a competição, o ataque de predadores e patógenos como fungos, bactérias e protozoários) e muitas vezes estas sementes saem intactas”, afirma Eduarda.

"A grande questão aqui é e depois de defecarem? Estudos apontam que as fezes de vertebrados são mais atrativas aos roedores, aumentando a predação de sementes, mas que a predação de sementes por besouros rola-bosta é menor nas fezes de anta especificamente”, pontua a cientista. São dois grupos muito distintos, mas que exercem forte pressão durante o processo de crescimento das plantas. “Além disso, estudos apontaram que a predação de sementes é maior em florestas degradadas. Espero que a minha pesquisa consiga criar um link entre estes fatos para que desta forma possamos entender melhor como se dá a predação nas fezes de antas em diferentes porcentagens de coberturas florestais, quais as influências internas e externas desta predação e também quais seriam os impactos para a regeneração florestal”, explica Eduarda.


E o que isto afeta a minha vida?

A predação de sementes sendo maior em locais com menor cobertura florestal implica em um menor número de sementes que estarão disponíveis para a germinação; tendo como consequência uma menor regeneração florestal. Estas descobertas são importantes pois ajudam a pensar e elaborar de forma eficiente, por exemplo, planos de manejo. “Planos de manejo são a chave para a conservação e para recuperação de áreas degradadas. Além disto, estas descobertas possibilitam ter conhecimento claro das consequências negativas que o desmatamento e a degradação ambiental podem trazer para as relações ecológicas. A longo prazo, permite que pesquisadores e divulgadores científicos usem estas informações para sensibilizar a sociedade e instigar o pensamento crítico sobre o papel de cada um neste contexto”, aponta Eduarda. “Afinal, as florestas estão sendo severamente degradadas pelas ações antrópicas (interferência do homem), seja de forma direta, por meio do desmatamento objetivando a mineração, pastagem ou agricultura; ou pela forma indireta, no qual as mudanças climáticas vêm causando impactos em grandes escalas, ambas contribuindo para a perda da biodiversidade”, alerta Eduarda.


De acordo com a pesquisadora, florestas conservadas permitem uma maior riqueza de espécies nas quais exercem funções ecossistêmicas importantes para a manutenção da vida como um todo. “Se encontramos relações entre uma maior cobertura vegetal e menor predação implicando em uma maior germinação das sementes, isto impactaria positivamente na conservação da biodiversidade, confirmando mais uma vez a importância de conservar os ecossistemas naturais e os grandes biomas”, pontua a cientista. "Como consequência teríamos um melhoramento na qualidade do ar que respiramos, e também do clima ou, pelo menos, a redução da velocidade das mudanças climáticas a longo prazo”, finaliza Eduarda.


CONTATO DA PESQUISADORA:

Nome completo: Eduarda Rita Fialho

Titulação: mestrado Programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade

Federal de Viçosa (UFV)

Títulos dos projetos: Como a cobertura vegetal e a dispersão de sementes por antas influenciam na regeneração florestal?

Fotos: Acervo pessoal Eduarda Fialho

Endereço do Instagram para marcação: @duda.fialhoo


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